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09 Mar
Mulheres do Movimento: Maria Fernanda Coelho, ex-presidenta da CAIXA
Presidenta da CAIXA (2006 – 2011), Maria Fernanda Ramos Coelho, fala de
seus desafios em entrevista à FENAG especial ao Mês das Mulheres.
Ela foi a primeira presidenta do
maior banco público da América Latina entre 2006 e 2011. Hoje, continua na luta
em defesa da CAIXA 100% Pública como agente de fomento de políticas públicas no
Brasil. Conheça um pouco dessa trajetória inspiradora que tanto contribuiu com
o progresso do banco e do país.
Os desafios
enfrentados na Presidência da CAIXA
O primeiro deles foi exatamente
usar o termo “presidenta”. Houve intensa polêmica. Recebi centenas de emails de
colegas com críticas, afirmando não existir essa flexão de gênero na língua
portuguesa. Muitos não aceitavam de jeito nenhum. Quando a Presidenta
Dilma foi eleita em 2010, também foi alvo de críticas ao usar o termo “presidenta”.
Usá-lo significa: sim, as mulheres chegaram à Presidência, das empresas e do
Brasil.
Houve muitos outros desafios, não
só por ser mulher, mas também por ser nordestina e ter o sotaque carregado.
Penso ser o maior obstáculo enfrentado por nós, mulheres, ter de provar sempre,
a todo o momento, sua competência para estar em cargos de Direção. É uma pressão
e cobrança diárias. Não existiu dia que não houvesse. O enfrentamento é não permitir
que sequestrem nossa fala, nosso jeito, nossos gestos, nosso cabelo, nossa
forma de ser. Manter o foco no que é
realmente importante.
As mulheres na
CAIXA e nos movimentos associativos hoje
Vejo com muita alegria a
participação das mulheres no movimento associativo e sindical. Rita Serrano é
um ótimo exemplo. Temos mulheres representantes dos trabalhadores em vários
Conselhos de Administração, eleitas por ampla margem de votos. A
perspectiva feminina incorpora novos elementos às pautas. A experiência em
todas as lutas atesta que a participação das mulheres é decisiva, pois somos os
primeiros alvos da precarização, as primeiras a cair na informalidade, opressão
e exploração do trabalho com salários mais baixos. Buscar e criar
resposta aos que padecem no desemprego estrutural e no setor informal, me
parece uma contribuição que as mulheres podem construir. As mulheres têm
mostrado criatividade, força e solidariedade contra as políticas neoliberais
que embrutecem e tiram toda a poesia de nossa vida.
A relevância da
figura feminina na cocriação de relações trabalhistas mais dignas a todos
Temos exemplos claros da
importância da participação feminina, vide a resposta das mulheres na Bolívia,
após o golpe que derrubou Evo Morales. Elas foram fundamentais no restabelecimento
da democracia no país, na Argentina, no Chile, diante do cenário de violência,
caos e desagregação, em especial, por conta da reforma da previdência
que foi feita na época da ditadura militar e jogou milhões de idosos na
miséria, aliás, inspiração para Guedes e sua equipe, modelo que queriam aprovar
aqui no Brasil. A pesquisa do Orçamento Familiar do IBGE, 2017-2018 ou seja,
antes da pandemia, mostrava os efeitos perversos do desmonte das políticas
públicas que protegem os trabalhadores e suas famílias: a insegurança alimentar moderada ou grave
passaram de 6,9% para 9,3%, em que a referência é masculina e de 10,8%
para 15,3%, feminina, ou
seja, mães que passam fome, cujos filhos passam fome. Isso é muito cruel. A busca de dignidade é um imperativo para
todas nós.
Mensagem às
colegas e aos colegas da FENAG e da CAIXA no Mês das Mulheres
É necessário fortalecer a
organização das mulheres para, juntas, podermos combater a cultura dominante
que nos faz sentir menores e menos qualificadas. Se agirmos unidas, conseguiremos
combater a globalização da indiferença e teremos a imunidade necessária para
enfrentar as adversidades. O governo Bolsonaro mostrou ter uma estratégia
institucional de disseminar o covid-19 e não de combatê-lo, menos ainda, de nos
proteger. Vamos nos nutrir agora com debates, leituras, encontros online para a
vida pós-pandemia nos encontrar fortes e podermos contribuir com a defesa da
CAIXA 100% pública, a justiça social e a solidariedade.
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